Segundo o site
Exame.com,
a bancada evangélica no Congresso Nacional, cresceu em 14% após as
últimas eleições, e terá mais força em sua luta contra as propostas que
julga polêmica, especialmente no tocante a homossexuais e drogas,
conforme disseram nessa quinta-feira representantes desse grupo ouvidos
pela Agência Efe.
"
A minoria evangélica levantará um muro enorme
contra esses projetos e estaremos muito atentos às manobras dos
ativistas homossexuais", disse o pastor, apresentador e empresário Silas
Malafaia, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
Independentemente de quem for eleito no domingo que vem como presidente
do Brasil, os evangélicos no Congresso sabem que já podem cantar vitória
por conta do crescimento da atual representação, que passou de 70
deputados para 80, com o grupo que assumirá em 2015.
Trata-se de uma
minoria que representa 16% dos 513 deputados brasileiros e que a Frente
Parlamentar Evangélica define como "
a maior bancada da história da
igreja evangélica no Brasil". Segundo o Departamento Intersindical de
Assessoria Parlamentar (Diap), com o reforço dos recém-eleitos dessa
confissão, o Brasil terá "
o Congresso Nacional mais conservador desde
1964".
"
Essa força vai dificultar uma agenda parlamentar liberal em
relação à criminalização da homofobia e a descriminalização do aborto,
dois assuntos muito presentes nos debates do primeiro turno das
eleições, mas que praticamente desapareceram no segundo turno", disse à
Agência Efe o cientista político e especialista em assuntos de religião
Cesar Romero Jacob, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-Rio).
Ele acredita que não haverá necessariamente uma
virada à direita com relação a temas econômicos e de inclusão social,
mas com relação aos temas de natureza moral haverá uma tendência mais
conservadora.
Observadores políticos apontam que a dificuldade na
votação de leis mais liberais não se limitará às relativas à moral, mas
também às que abordam assuntos como a legalização das drogas, o meio
ambiente e o direito dos indígenas.
E isso nem tanto pelo aumento da
chamada "bancada evangélica", mas pelo crescimento do número de
deputados de outras minorias conservadoras: a rural e a policial.
Malafaia deixa claro que os evangélicos rejeitarão totalmente
iniciativas legislativas como a de identidade de gênero, que, segundo
ele, é "
ativismo homossexual".
"
Não vamos nos opor a ensinar às
crianças a respeitar os diferentes, mas sim a ensinar "
homossexualidade"
nas escolas, que é o que querem", enfatizou.
Na última terça-feira,
em seu templo na Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, Malafaia
garantiu com veemência para milhares de fiéis que o ouviam que "
os
homossexuais pretendem destruir a família, enquanto o governo do PT,
desde a época de (Luiz Inácio) Lula da Silva, os financia com milhões de
reais".
Diante de seus "
seguidores", ele não só critica abertamente
a política do governo, como fala sem reservas em quem vai votar nas
eleições. Questionado a respeito pela Efe, ele justifica que "
o povo é
livre para votar em quem quiser, mas eu, como pastor, como pessoa que
exerce influência em segmentos sociais, por que não vou exercer essa
influência?".
O pastor não acredita que os evangélicos darão uma
guinada à direita porque, em sua opinião, "
as questões de direita e de
esquerda, que no Brasil foram muito fortes, agora estão muito
enfraquecidas".
"
Há uma esquerda radical, e o resto não consigo decifrar. O que vejo é que essa esquerda abraçou a escória da direita", disse.
O líder religioso atribui o aumento da representação evangélica no
Congresso a uma mera consequência do aumento da população evangélica no
Brasil, que, segundo o Censo de 2010, é de 22,2% da população, e a maior
consciência popular.
Frente a outros coletivos, como o dos
católicos, que costumam votar em diferentes partidos conforme a
ideologia política individual, o eleitor evangélico vota quase que
exclusivamente em candidatos da sua própria igreja, que se dividem em 17
partidos, explicou.
É o que Jacob denomina de "
voto cativo obtido
pela forte ascendência dos pastores evangélicos sobre seus fiéis quando,
na década de 2000 a 2010, a igreja pentecostal brasileira elaborou seu
próprio projeto de poder".
Fonte de
NotíciaInformações da EFE via
Exame.com