Ao estudioso que se aplica à tentativa de compreender o que seja a
verdadeira justiça social aplicada no mundo, focalizando toda a sua
atenção em um ponto específico, como por exemplo, o da distribuição da
renda; ou o da regulamentação do trabalho; ou ainda a aquisição de bens
de consumo, formas de acesso à educação, à informação, aos serviços de
saúde, etc, sem que se faça uma análise da condição humana desde a
fundação do mundo até os nossos dias, quanto a todos os itens referidos,
com uma paciente e cuidadosa avaliação de todos os aspectos envolvidos
em tudo o que possa ser considerado um avanço ou ganho para a
humanidade, é bem possível que se chegue à conclusão e defesa de
determinadas ideologias pela ilusão de que há nelas a própria substância
da verdadeira justiça social.
Todavia, uma análise abrangente da história do que chamamos de
desenvolvimento social da humanidade, sem preconceitos e balizada por
princípios justos e verdadeiros, conforme os que encontramos revelados
na Bíblia, há de nos conduzir seguramente à conclusão de que este mundo é
tenebroso, e que toda a humanidade se encontra desde que o primeiro
homem pecou, debaixo da maldição proferida por Deus, quanto às condições
extremamente injustas que o homem padeceria e praticaria como
consequência do seu pecado.
Todos sofrem deste mal, e toda a criação geme a um só tempo conforme dizer do apóstolo Paulo em Romanos 8.
O chamado progresso experimentado pelos EUA depois da Guerra Civil de
Secessão, na segunda metade do século XIX, com a expansão da indústria
petrolífera com Rockefeller, do aço e da construção civil com Carnegie,
da eletricidade com J P Morgan, e das ferrovias com Vanderbilt, foi à
custa de jornadas de trabalho dos operários, em condições insalubres, de
até doze horas diárias por seis dias por semana, e com salários
irrisórios, para a acumulação de capital e lucros exorbitantes pelos
referidos monopolistas; os quais, para resguardarem seus interesses, por
décadas, corrompiam ou usurpavam o poder governante.
Mesmo com a posterior quebra dos monopólios, Rockefeller, por exemplo,
se tornou mais milionário ainda com a posse da maior parte das ações das
novas empresas criadas.
A nova classe média, que passou a ter acesso, no início do século XX, a
produtos que dantes era considerados inacessíveis, como o automóvel, por
exemplo, fabricados a preços populares por Ford, caiu, desde então, no
padrão consumista que alimenta a economia mundial mesmo nos blocos
comunistas, aí incluídos a própria Rússia e China, que fez do dinheiro
(o deus Mamom) o grande objeto de desejo inclusive das massas.
E este novo modo de vida ditado pela mídia e estimulado pelos próprios
fabricantes e detentores de bens e serviços, tem conduzido por sua vez
ao padrão extremamente liberal de uma sociedade que despreza os valores
de uma sadia moralidade bíblica, e que apoia o individualismo dominado
pela ganância, contra um viver coletivo em prol da família e da
sociedade - quando falamos coletivo não estamos aludindo a comunismo ou
socialismo, porque independente do regime político sob o qual se viva,
seja democrático ou não, este sentimento individualista permeia o
coração do homem pós-moderno, mesmo nas chamadas atividades coletivas,
onde cada um procura sobrepujar o seu companheiro.
Assim, este sentimento devorador por obtenção de posição de poder
financeiro, passou da elite para a população em geral nas sociedades
moderna e pós-moderna.
Se antes, o homem era escravo do patrão, agora ele é escravo do dinheiro.
E a Bíblia alerta, quer a ricos, quer a pobres, que o amor ao dinheiro é
a raiz de todos os males, e que aqueles que desejam ser ricos se
acumulam de muitas dores, e perdem a fé em Deus.
Nunca haverá portanto, neste mundo, dominado pelo pecado e amaldiçoado
em razão do pecado, uma verdadeira justiça social construída pelo
próprio homem.
Entretanto, esta busca de uma justiça verdadeira não é uma utopia, ela
será uma realidade plena quando da manifestação de nosso Senhor Jesus
Cristo, em sua segunda vinda, em poder e grande glória, para estabelecer
o seu governo juntamente com os santos sobre a Terra.
As demais, de que vale a justiça que se baseia apenas em um ou mais dos
aspectos citados no início deste artigo, se o homem permanecer sendo
escravo do pecado?
Assim, a maior justiça de todas, que podemos obter neste mundo,
independentemente da injustiça que grassa sobre o mundo desde que o
primeiro homem pecou, é aquela que recebemos pela fé em Jesus Cristo,
que nos torna justificados perante a exigência da santidade e justiça de
Deus.
E esta justiça há de compensar todas as formas de injustiça que possamos sofrer neste mundo.
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