Desde o início do relato da criação do mundo e da humanidade em Gênesis podemos perceber claramente o relacionamento de Deus com o ser humano. Este relacionamento era intenso, profundamente amoroso e de qualidade, Deus sempre se importou com o ser humano, ele sempre tomou a iniciativa de manter um relacionamento baseado em amor, fidelidade e justiça. Ele nunca quis que o ser humano sofresse, ao contrário, por ser Ele Amor, seu único desejo era que toda a humanidade vivesse feliz, mas o ser humano falhou e foram expulsos do paraíso.
A expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden foi ao mesmo tempo um castigo e um ato de misericórdia, evitando que comessem da árvore da vida e vivessem eternamente num estado de morte e de alienação de Deus. Ele praticou Sua justiça amando intensamente a Sua criação.
Além da criação, o amor de Deus esteve presente no Antigo Testamento através do Seu envolvimento com o povo de Israel, com base na aliança que fizera com os israelitas por meio de Moisés, a conquista da terra prometida, a vida do povo sob a autoridade de juízes e reis, as muitas advertências que Ele fez através dos profetas chamando o povo ao arrependimento e a nova aliança em Jesus Cristo. Todos esses acontecimentos demonstram como Deus amou Seu povo em todo tempo e se manteve fiel a Suas promessas, agindo sempre com justiça e misericórdia.
Se pararmos pra pensar na cronologia dos acontecimentos bíblicos podemos dizer que o amor de Deus sempre foi cheio de cuidado, misericórdia, justiça, bondade, persistência e graça buscando um relacionamento sincero e único com o ser humano. Ele se tornou homem e viveu entre nós em Jesus e assim temos a nova aliança, nós somos perdoados e redimidos dos nossos pecados, somos reconciliados com Deus, voltamos a ter um relacionamento harmonioso com Deus.
Assim como Deus é amor e como Ele nos amou e nos ama, devemos em nossa vida cristã também aprender a amar, primeiro ao Senhor Deus acima de todas as coisas e depois ao nosso próximo como a nós mesmos. Nós somos a imagem de Deus, o mesmo Deus que existe em três pessoas, pessoas que são amor, um amor perfeito e único desde a fundação do mundo. O amor de Deus é um compromisso de auto sacrifício exclusivo com a humanidade, comprometido e fiel em fazer o que é melhor para Seus filhos, independentemente se eles merecem ou não, e Sua maior demonstração de amor na história foi a morte de Jesus Cristo.
Vou terminar com uma citação ontológica, que nada mais é que um conciso resumo das ideias da obra elaborada pelo Dr. Carlos E. B. Calvani:
"Amor sem Poder é ineficaz; carece de viabilidade prática para atingir seus objetivos e perde-se no vácuo do idealismo romântico; Amor sem Justiça é mero sentimentalismo cego às exigências da vida; Poder sem justiça conduz à opressão, pois desconhece suas implicações sociais; Poder sem Amor leva ao despotismo e à tirania resultantes da autoglorificação; Justiça sem Amor é contraproducente, pois tende a agir destrutivamente e não de modo transformador, legitimando atos de violência; Justiça sem Poder é inoperante, só resultando em desespero, melancolia e frustração". (Júlio Fontana - Aluno de Teologia da PUC-RJ. Colaborador das revistas: Inclusividade, Teologia e Cultura, Religião e Cultura e Correlatio) Citação extraída da resenha Amor, Poder e Justiça: Análises ontológicas e aplicações éticas de Paul Tillich. Sérgio Paulo de Oliveira. São Paulo: Fonte editorial, 2004, 110pp. Revista Eletrônica Correlatio n 10 - Novembro de 2006
O Ser de Deus é inexplicável! A teologia pode tentar explicar o seu real significado, mas se Ele é amor talvez só possamos compreender o seu significado através da fé.
Jhenyfer Lelis
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