Apesar de ser absolutamente normal e até um sinal de saúde, o característico odor da vagina incomoda muitas mulheres que têm uma encanação maior com a higiene íntima.
Quando o odor é muito forte e diferente do habitual, é provável que haja alguma infecção. Neste caso, a mulher precisa procurar um ginecologista para investigar as causas do problema e tratá-lo adequadamente. Já o cheiro normal da vagina é suave e, em alguns casos, até imperceptível pela própria mulher.
Ainda assim, muitas ficam preocupadas com a possibilidade de outras pessoas sentirem o odor, ou de o parceiro se incomodar na hora do sexo.
Assim como o resto do corpo, a região íntima feminina produz secreções que servem para proteger a área de possíveis contaminações.
"Os odores são formados por uma mistura de substâncias que são produzidas na região genital, como suor, sebo e secreções vaginais. Essa combinação favorece uma colonização de bactérias e outros micro-organismos, que servem para proteger a região e, por sua vez, também produzem odores", detalha a ginecologista Bárbara Murayama, coordenadora da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho.
De acordo com a especialista, não é difícil diferenciar o cheiro normal do sinal de infecção. "A vagina possui um odor suave, não tem nada que se assemelhe a ele. Quando ele é tão forte que conseguimos caracterizá-lo, como cheiro de peixe podre, por exemplo, é sinal de problema", explica.
No
último caso, tentar mascarar o sintoma com produtos perfumados ou
lavagens excessivas é perigoso. Além de correr o risco de piorar uma
possível infecção, a mulher pode deixar de investigar a causa da doença
por não perceber mais o odor forte e, em casos mais graves, acabar
desenvolvendo condições sérias como o câncer de colo do útero ou infertilidade.
"Ao
notar um cheiro não característico e forte na região genital, é preciso
procurar um médico o mais rápido possível para tratar o foco do
problema", orienta.
Dra. Bárbara ressalta que, para as mulheres preocupadas com este assunto, o maior medo é que os outros sintam o odor exalado pela região genital, como o parceiro no momento do sexo. Porém, segundo ela, não há motivos para encanar. "Se a saúde estiver em dia, dificilmente seu odor irá incomodar você mesma ou seu companheiro. Além disso, nós liberamos feromônio, que é muito atrativo para o homem, no sentido primitivo mesmo. Ao tentar mascarar esse odor natural por vergonha, acabamos eliminando esse fator positivo. É provável que seu parceiro goste mais do seu cheiro com a higiene adequada do que de produtos artificiais", declara.
Mulheres obesas, que transpiram bastante ou que têm pelos pubianos muito compridos podem exalar um cheiro mais acentuado. Outros hábitos comuns, como o uso de determinadas roupas, também provocam a condição.
Se após a investigação do seu ginecologista você descobriu que não tem nenhum problema de saúde, pode tentar medidas básicas para melhorar a higienização e favorecer a saúde íntima, minimizando odores.
A higiene exagerada da região íntima geralmente piora o odor. Isso porque os pelos, a camada gordurosa e as secreções que existem lá, apesar de serem causadores do cheiro, são também os responsáveis por combater a proliferação de bactérias e fungos. Ao lavar demasiadamente a região, interna ou externamente, a paciente acaba removendo parte desta proteção, favorecendo infecções e, consequentemente, odores fortes e outros problemas mais graves.
"Um a dois banhos por dia são mais do que suficientes", afirma Dra. Bárbara. A maneira certa, segundo orienta a especialista, é lavar bem a vagina externamente, tomando cuidado para higienizar as "dobrinhas". Para isso, é preciso afastas os pequenos e grandes lábios, e também a pele que fica em volta do clitóris, que pode acumular secreções. Passe o sabonete com os dedos nesses locais de difícil acesso e enxague bem.
O ideal é utilizar um produto que se aproxime do pH natural da vagina, que é ácido. Pode ser o sabonete íntimo ou um neutro.
Sim. Lavar a vagina internamente pode alterar o pH e destruir a flora local, eliminando as proteções naturais e favorecendo o aparecimento de inúmeras doenças. Além disso, a prática é capaz de mascarar possíveis sintomas de complicações, como o odor mais forte e corrimento, que precisam ser tratados por um especialista. Ademais, Dra. Bárbara enfatiza que a vagina não requer esse tipo de limpeza.
O produto pode ser utilizado em uma casualidade, mas não deve ser hábito. A ginecologista indica os lenços desenvolvidos especificamente para a região íntima quando necessário. "Se você trabalhou o dia inteiro, vai para um jantar e não tem tempo de tomar banho, pode usar o lencinho e trocar a calcinha. Mas não pode fazer isso todos os dias, pois vai remover a gordura da região", diz. "A candidíase de repetição, por exemplo, pode ocorrer devido à limpeza exagerada", completa.
Sim. O absorvente abafa a região íntima e torna o ambiente mais úmido, favorecendo a proliferação de fungos e bactérias e, consequentemente, a piora de corrimentos e odor. Ao usar um protetor diário para mascarar esses sintomas, a mulher acaba piorando a situação. Ele só deve ser utilizado no final da menstruação e durante o tratamento para escape de urina. "É melhor trocar de calcinha no meio do dia do que abafar a região com o absorvente", orienta a especialista.
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