23/11/2014 -
Substituir antibióticos por luz no tratamento de infecções causadas por
bactérias multirresistentes é uma realidade que está mais próxima dos
pernambucanos. Um estudante de engenharia elétrica-eletrotécnica da
Universidade de Pernambuco (UPE) desenvolveu este ano, durante estágio
no Wellman Center, laboratório de Harvard e do Instituto de Tecnologia
de Massachusetts (MIT), dois equipamentos capazes de irradiar em tecidos
humanos luz em uma frequência que mata em cerca de uma hora
micro-organismos imunes ao tratamento comum.
Caio Guimarães, 23
anos, esteve no Wellman Center por meio do programa Ciências Sem
Fronteiras e participou de pesquisa patrocinada pelo exército
norte-americano para encontrar meios de eliminar a bactéria
Acinetobacter baumannii, encontrada em ferimentos de soldados no Iraque e
resistente a 21 antibióticos.
Quando Caio se integrou ao
grupo, os norte-americanos já haviam descoberto que certas frequências
de luz visível eram capazes de atacar o DNA de bactérias,
eliminando-as. Testes em ratos mataram micro-organismos em 62 minutos.
Estudante enviou 2 mil e-mails aos EUA.
"Ele não aceitou de
primeira. Pediu mais informações. Mandei e, depois de dez dias sem
resposta, liguei para ele, que solicitou mais duas cartas de
recomendação", conta Caio.
As cartas chegaram, mas a resposta
definitiva de Yun só veio depois de outro contato do estudante
brasileiro. "Fazia mais de uma semana, já estava agoniado para ligar.
Quando estava escrevendo um e-mail, a carta de aceitação chegou." Yun,
nas palavras de uma professora do MIT, havia decidido "ver o que Caio
podia oferecer".
Antes de chegar à pesquisa sobre utilização de
iluminação para combater bactérias multirresistentes, Caio teve reuniões
com quatro pesquisadores do laboratório. A pesquisa foi desenvolvida
com a dermatologista Jeesoo An, integrante do time de estudiosos de Andy
Yun. "Um talvez foi tudo o que eu sempre precisei na minha vida."